Da janela vejo a gata da vizinha passeando no telhado. Ela pariu cinco gatinhos e agora os tráz para tomar banho de sol, todas as manhãs, invariavelmente.
A paciência de mãe desta gata é algo comovente. Deita-se e oferece as tetas aos filhotes. Depois, eles brincam correndo sobre as telhas e, vez por outra, chegam junto da mãe para brincar com seu rabo.
Sem perder a classe, ela apenas muda de posição. Nunca se irrita com seus filhos. Nem sequer lança um olhar de reprovação...apenas muda de posição. Os bichinhos são insistentes e voltam a morder e arranhar o rabo da gata. Nem uma queixa. Seus olhos estão atentos ao mundo que os rodeia e que seus filhos estão apenas começando a descobrir.
Dia desses, de tarde, a gata tentava dormir e os gatinhos não paravam de pular de lá pra cá, por cima dela, lambendo suas orelhas, mordendo suas costas, se enfiando entre as pernas, perturbando mesmo. Outra vez, ela permaneceu calmíssima.
Eu admiro a paciência desta gata. Observando-a, me veio a impressão de que as mães são todas assim, muito pacientes.
Fiquei lembrando dos meus tempos de criança quando éramos quatro dentro de casa fazendo barulho, brigando, gritando, correndo, bagunçando e minha mãe sempre permaneceu confortavelmente calma. Raríssimas vezes ela perdeu a paciência com seus filhotes.
Imagino se minha mãe, assim como a gata, também não estava observando o mundo ao nosso redor, o mundo que desconhecíamos e que ela nos preparava para encararmos.
Um dia, abrirei a janela de casa e não verei mais os gatinhos brincando no telhado. Terão ido descobrir o mundo assim como nós fizemos. Mas a gata estará sempre lá. Pronta. Que nem minha mãe.
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