Há manifestações culturais que passaram por transformações, adaptações, para sobreviverem. Ou evoluíam ou caíam no esquecimento.
É o caso das Quadrilhas Juninas que ganharam passos bem mais acelerados, fazendo jus aos tempos de 'malhação' em que vivemos. Também o Carnaval teve que se adequar às novidades ou iria deixar de existir: o trio elétrico veio demarcar o território dos foliões mais abastados, que saíram dos salões de bailes para a rua onde o povão já brincava. Também surgiram modas como o 'abadá' para sepultar caftas e mortalhas.
Esta evolução parece fazer-se necessária agora a outros ritos tradicionais como o Candomblé. Quem já passou por um Terreiro sabe como é enfadonho ficar vendo aquele povo girando, girando e cantando, cantando até que um 'santo' resolva dar o ar da graça.
Em tempos de banda larga, ou o Candomblé dança conforme a música ou será esquecido pelo povo. Agilidade e velocidade é o tempero do novo século.
Claro, deve-se preservar a tradição vinda da Mama África, mas moderniza-la também é igualmente necessário: ao invés de Pai-de-Santo deveríamos ter DJs-de-Santo, entoando remixes dos velhos 'Pontos-de-Macumba', tornando assim o Terreiro mais festivo, mais balada.
Sugiro também a reformulação do nome de algumas entidades. Por exemplo, que tal começar a baixar o Exu Bate-Estaca ? - E a Pomba-Gira Punk ? - Exu Caveira e Pomba-Gira Cigana estão muito 'low profile' nos dias de hoje. Viva a TechnOxum, o Xangô-Glitter, a Iansã Insana...
Os Orixás precisam entender que se não se modernizarem, irão cair no esquecimento e isso ninguém merece. Yemanjá é, sem dúvida, a mais repaginada. Sua festa atrai devotos mas as oferendas precisam ser revistas: nada que não seja biodegradável deve ser ofertado porque o mar já está pra lá de poluído.
Que tal, também, vender despachos congelados ? - O cliente apenas teria o trabalho de usar o microondas para aprontar a galinha preta e a farofa antes de ir para a encruzilhada, munido de um manual e usando materiais recicláveis, por favor !
Adoro o batuque, as comidas, os trajes e tudo que compõe o ritual. Por isso mesmo, vejo a necessidade de sua adequação antes que sature de vez.
Vamos transfomar os Terreiros em grandes festas aos Orixás. O culto afro será a nova balada da juventude, se assim se transformar. E, se transformando, viverá.
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