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quarta-feira, 28 de setembro de 2005

Os 2 Filhos de Francisco

Ainda com aquela música na cabeça escrevo sobre este longa. Acabei de chegar do cinema.Não resisti à curiosidade e fui ver "Os Dois Filhos de Francisco", o filme brasileiro de maior sucesso da temporada.
Eu não vou negar que muita coisa presta neste filme, assim como não vou negar que muita coisa também decepciona.
O Que Se Salva - a atuação de Ângelo Antonio e Dira Paes são ótimas e José Dumont, como ator convidado, é o único que realmente convence interpretando um empresário charlatão. Em algumas cenas, a fotografia estava muito inspirada e a direção se fez presente de maneira pouco previsível, o que deu um charme bacana. As tiradas de humor são irresistíveis, bem como a síntese narrativa e tom documental que o filme assume em alguns momentos.
O Que Doe Na Alma - choca ver quão mal retratado foi o povo de Goiânia, Goiás. Ainda que a história se passe nos idos anos 70, nada justifica aquela sujeira. Na cena da rodoviária, quando os irmãos cantam para descolar um troco, vê-se ao seu redor uma multidão de imundos, gente com as roupas sujas e cara de quem passa uma fome de lascar. Eu já estive em Goiânia e afirmo que nunca vi gente tão educada e limpa. Caipiras há em todo lugar, até em São Paulo, a grande metrópole, e nem por isso são pessoas sebozas. Deplorável o preconceito contra os pobres. Outra coisa que doe na alma quando se vê este filme é a atuação pobrinha e pouco elaborada de Paloma Duarte. A impressão que fica é que ela estava alí só garantindo um cachê.
Mesmo detestando música sertaneja (ou brega,como alguns críticos classificam a música de Zezé De Camargo e Luciano) tenho que admitir que o gênero torna-se insuportável na voz de figurões da MPB como Maria Bethânia ou Ney Matogrosso. Melhor seria não enfeitar e deixar pra quem sabe fazer...mas Caetano Veloso não pode ouvir falar de trilha sonora que vai lá participar. Ainda bem que ele não inventou outro refrãozinho chinfrim como o que fez para Tieta...eta, eta, eta...Senão, teríamos uma pérola rimando com É o Amor...mô,mô,mô !
Enfim - O filme, ao final, me pareceu uma grande peça publicitária, promocional, estatística e massageadora do ego dos cantores e agregados. Se a moda pega, logo teremos um longa sobre a triste saga de outros sertanejos rumo ao estrelato. Imaginem todo ano, por muitos anos, os cinemas lotados e lacrimosos conhecendo histórias como as de Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo,Bruno e Marroney...e dêem graças aos deuses, podia ser pior. Podiamos estar vendo o país todo exaltando a história das bandas de forró de plástico ou das loiras oxigenadas do Calypso de Belém do Pará. Eca !...~E nem quero cogitar a história de Sandy e Junior...Enfim, o que mais gostei no filme foi quando apareceu a palavra "FIM"...e as luzes se acenderam e eu saí do cinema...que alívio...mas a musiquinha vinha ecoando...é o amor que mexe com minha cabeça e me deixa assim...e não é pra isso que serve a trilha sonora, Caetano ?
Fica aquela lição "Xuxesca" de que seu sonho pode se tornar realidade quando se persiste e se tem uma ajudinha de um pai como Seu Francisco !

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