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quinta-feira, 27 de outubro de 2005

La Mala Educación




Falar de Almodóvar, de suas cores e de suas películas tão singulares.Que trabalho árduo e delicioso ao mesmo tempo.
Tenho medo de dizer besteira, pois Almodóvar é, para mim, um gênio como Picasso ou Salvador Dali o foram.
O cinema espanhol e europeu deve muito a este mestre que, a cada novo filme, se mostra mais inspirado e maduro sem perder aquele tom “Almodóvar” de ser.
“Má Educação” trata de um trio amoroso homossexual que vive experiências na infância, num colégio católico e depois se reencontra para contar sua história. A vida e a morte aqui se misturam para mostrar todas as nuances do universo gay, desde o travesti ao michê, do pedófilo ao preconceituoso, tudo tão bem amarrado num conto que mexe com a libido e ao mesmo tempo também pode condenar por pecado, depende da sua perspectiva.
As cores de Almodóvar estão presentes neste filme. Incrível como ele cresce e amadurece e não se nega ao direito de ser este nome mundialmente conhecido por sua obra. O cara é tão sacador das coisas que põe um garotinho cantando em falsete, naquele soprano infantil, só para mostrar quão dispare é a pedofilia. O menininho lá cantando uma música sacra, em falsete, para o padre que o abusa sexualmente. O mesmo garotinho que depois se transforma numa traveca drogada, mas escritora. Isso é Almodóvar.
Nem se preocupe com qualidade. Almodóvar não é “2 Filhos de Francisco”. Nele há consistência. Nele há enredo e supremo cuidado com tudo, da fotografia ao texto, nunca desnecessário, nunca prolixo.
É incrível como bicha é bicha em qualquer lugar do mundo, na maneira de se tratar ou na maneira de seduzir...E este diretor deixa tão claro a que ponto um ser humano que vive no submundo pode chegar para conquistar o que quer, aqui, uma trava que sonha em ter xereca e vai fazer de tudo para conseguir, nem que, para tanto, apele para a má educação, assim como o atorzinho de quinta para conseguir um bom papel.
Ficou curioso ? – Vá ver “Má Educação”. Delire com as cores. Delire com as personas. Delire com Almodóvar. Afinal, nem só de Hollywood vive o cinema. Graças a Deus, porque bicha é bicha em qualquer lugar, mas cineasta, não!

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