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quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

SARAVÁ


Todo ano uma entidade baixa nos palcos da cidade. A Cristal está de volta. O que seria a Cristal : uma santa padroeira dos transformistas ? – Uma possessão demoníaca ? – Um orixá encarnado ? - Um poltergeist ? – Uma fada ? – Anjo ou demônio ? Enquanto houver espuma e meia-calça no mundo a Cristal existirá. Ela já não depende mais do seu criador. É o típico caso da personagem que adquiriu alma e continuará sua jornada nesta terra incorporando em outras drags depois que “Dan” fizer a passagem...e, com sorte, isso levará muitos anos ainda, pois “Dan”, com sua mediunidade cintilante, ajudou a moldar a Cristal (literalmente) e a torná-la este fenômeno que hoje vemos. Cristal não é apenas uma drag, é uma artista que encanta pelo seu carisma, presença cênica avassaladora e cuidado cirúrgico com suas produções, da maquiagem ao salto...nunca baratinho ! Porém, como não poderia deixar de ser, ela também conquistou uma falange de inimigos. É o preço da fama. Mas, quem liga ao que dizem os críticos ? – A resposta se dá quando Cristal, em todo seu esplendor, carão e espuma pisa no palco e a galera delira coletivamente. Ela surgiu há muito tempo atrás, nos primórdios da formação do universo gay de João Pessoa e sua luz nunca se apagou com o passar das eras. Ela se reinventa, se inquieta e renasce a cada ano com o brilho e o frescor de uma estrela super-nova. Cristal foi contemporânea de grandes nomes do transformismo paraibano que hoje já não mais dão o ar de suas graças pelos palcos. Gente boa e talentosa como Riacho dos Cavalos, Kalina Reboque, Suzy Lee, Pâmela Pólo...até a arqui-rival Priscila Braga anda meio sumida do cenário. Enquanto umas somem a Cristal ocupa os espaços, pois, convenhamos, desta nova geração de drags que “abalam” só umas duas têm algum talento e futuro. As outras estão fadadas ao esquecimento. Deviam se espelhar no exemplo da “madrinha” que já brincou de ser Medusa, de ser Vampira, Cleópatra, Ninfa...até Nossa Senhora ela já incorporou...e nunca fez a linha “bate-cabeça” com aquelas músicas insuportáveis cheias de gritos e pancada eletrônica de enjoar até DJ. Talvez por isso as caricatas estão em alta, como é o caso da dupla Diet & Light que, além de gêmeas, são inegavelmente talentosas. Fazer rir não é pra quem quer. Tem que ser bom, além do “physique du role” que ajuda muito. Saudades do TransFestival organizado por Geo. Ali sim viu-se arte! Saravá, pé-de-pato, mangalô!!! – Bate na madeira três vezes pra isolar! – Reza o Credo ao contrário!...A Cristal chegou...e veio pra “abalar” com tudo e mostrar como é que se faz...quem não sabe fazer, vai aprender...quem sabe na próxima encarnação consiga ser uma drag de respeito. Ave Cristal !

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