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segunda-feira, 10 de maio de 2010

O BÊBADO E A EQUILIBRISTA

Nos tempos da ditadura militar, a música era uma das poucas formas de expressão que conseguia driblar o crivo da censura.

Em "O Bêbado e a Equilibrista",
João Bosco e Aldir Blanc deram um show de composição e na voz de Elis Regina esta canção se imortalizou. O que poucos entendem são as mensagens e referências contidas nesta música. Vamos a elas:
O BÊBADO E A EQUILIBRISTA

Caía a tarde feito um viaduto (Queda do Viaduto Gameleira, em Belo Horizonte, obra do governo que desabou matando muita gente e que a mídia não noticiou)
E um bêbado trajando luto (O bêbado representa os artistas que não se calavm diante da ditadura)
Me lembrou Carlitos...

A lua (Aqui, a Lua é referência à Rede Globo de Televisão, que era a favor do regime miltar)
Tal qual a dona do bordel (Bordel = regime militar)
Pedia a cada estrela fria (Estrelas = generais)
Um brilho de aluguel (Brilho de aluguel eram as vantagens que alguns grupos privilegiados tiravam da ditadura)

E nuvens! (Os torturadores são comparados a nuvens, intocáveis e inalcançáveis)
Lá no mata-borrão do céu (O mata-borrão do regime era a temida polícia política DOI/CODI)
Chupavam manchas torturadas (Rebeldes são aqui comparados a manchas, os seja, erros que o "mata-borrão" deveria apagar)
Que sufoco! Louco! (Referência às torturas e perseguições que ocorriam)
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil (Bêbado irreverente é uma representação dos artistas que nunca se calaram)
Prá noite do Brasil. (A noite do Brasil que sofria com a irreverência dos artista é a própria ditadura, a página negra da história)
Meu Brasil!...

Que sonha com a volta
Do irmão do Henfil. (Betinho, o da "Ação Cidadania", exilado político)
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete (Referência aos milhares de exilados que fugiram tomando aviões para outros países)
Chora!
A nossa Pátria
Mãe gentil
Choram Marias (Maria era a esposa do operário Manuel Fiel Filho, morto sob tortura nos porões do DOI/CODI, em janeiro de 1976)
E Clarisses (Clarisse era esposa do jornalista Vladimir Herzog, também morto sob tortura)
No solo do Brasil...

Mas sei, que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança...

Dança na corda bamba (A Equilibrista era a esperança de democracia)
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar...

Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar...

E continuou, graças a Deus !

P.S.: O clip oficial desta música, interpretada por Elis, foi gravado num circo !
Alguma suspeita do que o circo significa ?

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