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sábado, 1 de setembro de 2007

Dois Homens Negros

Entrei numa loja de conveniência por volta das 10 da noite para comprar cigarros e, enquanto esperava o caixa atender outros clientes, chegaram dois homens negros.



Eles eram altos, musculosos, tatuados, descalços e aparentavam ter uns 20 anos. O segurança da loja colocou-se na porta de saída e observava cada movimento dos dois homens negros.



Criou-se um clima de desconforto e medo. As estatísticas acusam que este é o perfil do assaltante: homem jovem e negro.



Quanto mais o caixa demorava-se em passar o troco, mais crescia o incômodo entre os clientes brancos que se entreolhavam num código silencioso, disparando o alerta de "vamos ser assaltados por estes negros".



Nada aconteceu. Paguei meus cigarros e saí aliviado daquele lugar, apesar do peso do preconceito. Ou teria sido eu apenas precavido ?



É como disse o poeta Augusto dos Anjos:

"Quem, nesta terra, vive entre feras, sente inevitável necessidade de também ser fera."

2 comentários:

O Antagonista disse...

Acho que nesse caso é mais precaução, instinto de auto-defesa e sobrevivência, do que preconceito mesmo. Infelizmente, eles se enquadravam no perfil. Isso não é o tipo de coisa que se muda da noite para o dia, mas dá pra entender a revolta e o constragimento que um jovem negro honesto sente quando passa por uma situação dessas.

Anônimo disse...

Isso acontece tanto. O que dói é quando saímos e vemos que não foi nada do que pensamos... Só que como vc disse, as estatísticas são essas, infelizmente um grupo que já estigmatizado e marginalizado fica ainda mais por uma estatística, que infelizmente, por razões sociais é verdadeira.