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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Branco


Corri por entre os lençóis brancos postos a secar no varal do quintal.

Era bom senti-los no rosto, a brancura úmida do tecido, com cheiro de sabão.

Melhor ainda era senti-los nas mãos que os afastavam, revelando a cara da mulher que reclamava brava, temendo que minhas mãos sujassem seus lençóis brancos. Mas, minhas mãos não estavam sujas...

O sol do meio-dia daqueles dias não esquentava, não era páreo para a brisa fria. O sol, lá de cima, corria por trás das nuvens brancas como se quisesse me espionar.

O sol me olhava mas eu não podia olhar p'ra ele. Só via nuvens brancas e lençóis brancos.
Corri por entre lençóis como quem corre por entre nuvens. Não pensava em nada, só corria, mas sabia, lá no íntimo, que o sol também devia estar reclamando, bravo, temendo que meus pensamentos sujassem suas nuvens brancas.

Mas, meus pensamentos não eram sujos...

Eu era branco como os lençóis e solto como as nuvens...

De tanto reclamarem e me espionarem, acabei caindo e me sujando. Fez-se noite, neste instante. O sol foi embora e retiraram os lençóis brancos do varal.
Olhem ! - Olhem minhas mãos ! - Estão sujas !
...mas minha alma, não.

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