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sábado, 10 de setembro de 2011

A capital errada

A capital da Paraíba, João Pessoa, antes conhecida por ser uma cidade com ares provincianos, pela hospitalidade das pessoas, tranquilidade e pelo verde presente em todos os bairros, está passando por uma rápida transformação.

João Pessoa cresce para cima, para o céu. Como qualquer Torre de Babel que tenta alcançar os deuses, aqui também os problemas são inúmeros e a cidade desmorona em violência crescente, trânsito caótico, especulação imobiliária desenfreada...

As áreas verdes da cidade continuam as mesmas. Nenhum parque novo foi criado e, para piorar, a ausência de árvores nas calçadas dos bairros mais novos é facilmente notada por todos. Na Zona Sul, por exemplo, o populoso bairro de Mangabeira só tem a pracinha do coqueiral para mais de 150 mil moradores e as avenidas são "carecas", sem árvores, o que só deixa a região ainda mais feia.

As TVs locais estão infestadas por peças publicitárias vendendo apartamentos. Nunca se construiu tanto em João Pessoa e, pasmem, ser moderno por aqui é viver em prédio com a desculpa que assim se tem mais segurança. O skyline da cidade muda rápido, espigões sobem do dia para a noite e o prédio mais alto do nordeste, com 44 andares, terá sua construção começada em breve.

Mais prédios, mais tudo: a cidade tem uma das cestas básicas mais caras do país. A passagem de ônibus urbano custa infames R$ 2,10 numa cidade onde em quinze minutos se vai do centro à praia ou da zona norte à sul. Mais o trânsito também piorou muito e os engarrafamentos se tornaram parte do quotidiano. É impossível não ficar preso num congestionamento em João Pessoa !
E ao invés de se preocupar em abrir novas avenidas e dar transporte coletivo digno, os administradores ainda estão no tempo das "Operações Tapa-Buracos", aquelas em que uma turma de operários saem pelas ruas com um punhado de asfalto para recapear o que as chuvas danificaram.
Se fossemos administrados por gente séria, teríamos asfalto com vida útil prolongada, feito uma empreiteira séria e não as que já foram contratadas e se mostraram incompetentes.

Enquanto João Pessoa cresce olhando para cima, a violência faz seu carnaval aqui embaixo. Até ônibus estão sendo incendiados, no melhor estilo carioca de prosperidade. As favelas se multiplicam, os hospitais públicos estão superlotados e, enfim, a cidade atinge seu primeiro milhão de habitantes repetindo os mesmos erros de outras capitais.

Foi-se o tempo em que "qualidade de vida" era sinônimo de se viver em João Pessoa. Os muitos forasteiros que vieram fixar residência aqui já estão desiludidos. Paulistas, cariocas, mineiros, gaúchos e até gringos já entenderam que a capital da Paraíba é uma cidade destinada ao mesmo insucesso de todas as grandes cidades deste país. Não vai fugir à regra.

Vai continuar se verticalizando, erguendo monstros de concreto, pondo os ricos nas nuvens e o povo na sarjeta. Mas tudo o que sobe, desce, já diz o ditado. A queda desta cidade será feia e acontecerá quando ninguém mais suportar viver num lugar degradado, emparedado, com vias estreitas, governada por mentes pequenas que ainda acham que o Recife é o grande exemplo a ser seguido.

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