Eu Não

João Pessoa é uma cidade habitada por mais de 600 mil cafuçus, gente de mau-gosto declarado e má educação enraizada nos ossos... com raríssimas exceções, é claro !

João Pessoa é um balneário pobrezinho que suja as águas do atlântico, suja as águas do Sanhauá e da lagoa do centro. Também deixa lixo nas praias, os restos de gestos estúpidos como o futebol á beira-mar ou as bicicletas no calçadão. Também joga lixo pela janela dos carros como se a rua fosse depósito à céu aberto, aterro sanitário urbanizado, grande mercado central generalizado por todas as avenidas.

João Pessoa escuta esse forró industrializado sujo, pobre, medíocre e a juventude dourada da Paraíba o exibe orgulhosa em seus carros com caixas-de-som dignas de trios elétricos baianos, forçando a quem ainda tem um mínimo de bom senso a se acostumar com a breguice que impera Eu não. Eu me recuso a me acostumar e achar isso bonitinho.

Claro, aqui também tem aquele povo metido a moderno que usa a mesma armação de óculos e os mesmos tênis “all star” ... com raríssimas exceções, é claro !

João Pessoa tem carnavalescos, embora seus carnavais sejam celebrados antes do oficial porque o bacana é ir para Olinda. Também tem cineastas que continuam filmando a seca, a caatinga e suas desgraças.

João Pessoa é preconceituosa contra os matutos do interior, embora os maiores jecas sejam aqueles que lotam os shopping centers com um ar esnobe de quem está fazendo compras na Quinta Avenida de Nova York. Estes são os grandes matutos, que têm como ídolo a Banda Calypso e o prato preferido é o espetinho da esquina, como a maioria dos matutos que eles abominam.

João Pessoa tem Mangabeira, uma cidade dentro de si, um inferno transbordante de grosserias e ignorâncias... com raríssimas exceções, é claro ! – Também tem carro parado na calçada... Que se danem ! – O carro deles tem sempre razão e mais status que você. E se for carro de doutor, é melhor nem passar muito perto !
Tenha seu espaço invadido, seja desrespeitado, limitado, impedido, constrangido, ameaçado e fique bem caladinho, afinal, você sabe com quem está falando ?

Até no cinema, no teatro, no Espaço Cultural, todos os lugares são deles, os mal educados donos da cidade. E você acaba se acostumando com a presença deles. Eu não !

Eu não vou me acostumar com hábitos grotescos e o descumprimento das leis. Eu não vou me acostumar a não dizer “Bom dia” ou “Com licença” ou “Por favor”. Não vou me acostumar a pisar na grama, rir de um deficiente físico nem prestar atenção à vida do meu vizinho.
Não vou me acostumar com cafuçu analfabeto que grita “MIZÉRA” ou “TÁ LIGADO ?” entre outras pérolas deste dialeto quotidiano.

Não, não vou me acostumar. Não vou ajuda-los na disseminação desta aberração, desta doença cultural que assola esta cidade.
João Pessoa quer ser grande, quer ser turística, quer ser tanta coisa e tudo o que consegue ser é a mais verde do país. Justíssimo título. Selva aos animais !
...com raríssimas exceções, é claro !