É no centro da cidade onde a cidade está, onde a cidade se encontra, se cruza, se funde e vira cidade.
A vida pulsa nos passos apressados, olhares desconfiados e carros e carros e carros e carros...
Sinal vermelho: segure o panfleto, olhe o trombadinha, lá vem o malabarista e a pergunta: "-Não é melhor pedir do que roubar ? ". Limparam o parabrisas enquanto você via a cidade passando lá atrás pelo retrovisor.
O centro está vivo, devorando almas, condenando o camelô áquela relação de amor e ódio.Todos amam um camelô,ele quebra um galho danado...mas também o odeia, ele deixa a cidade feia e as calçadas estreitas. Eles estão lá no centro.
Sirene gritou: alerta!...não sei se foi polícia ou ambulância, algo aconteceu e das janelas dos prédios olhares desconfiados percebem que além do escritório a vida continua gritando lá embaixo e o motoboy tem que voar.
Cuidado com o ladrão.Segure a bolsa,dona Maria.Que fila é essa ? - Que merda é essa ? - Que porra é essa ?
Dentro da bolha de seu paletó o homem segue esmagando baratas,altivo,bonito,centrado.
As pessoas se esbarram no centro,ponto de convergência e divergência,neurótico,nervoso.Golpes são tramados,golpes são dados enquanto evangélicos condenam tudo o que não é evangélico.
Passa a garçonete,o juiz e a dona-de-casa.Passa o anão,o surfista e o operário.Passa o cheiro de esgoto e de fumaça e passa e passa e passa e passa e passa...
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